O empresário Carlos Pedro Blaquier morreu na segunda-feira (13/03), na cidade de Buenos Aires, aos 95 anos de idade, fontes da empresa açucareira Ledesma, que ele presidiu por mais de quatro décadas.
Ícone da conivência empresarial com a ditadura, Blaquier nasceu em Buenos Aires em 28 de agosto de 1927 e foi considerado um dos empresários mais ricos e poderosos da Argentina.
A empresa Ledesma o lembrou ontem como "um emblema dos negócios argentinos" e "um grande defensor da industrialização nacional", embora sua figura fosse marcada por alegações de ter participado da organização de crimes contra a humanidade na província de Jujuy, no que ficou conhecido como "A Noite do Apagão", entre 20 e 27 de julho de 1976, no início da ditadura liderada por Jorge Rafael Videla, na qual cerca de 400 pessoas foram sequestradas, 55 das quais ainda estão desaparecidas. muitos dos quais eram trabalhadores do engenho de açúcar Ledesma.
Em 2012 ele foi processado pela justiça federal de Jujuy como cúmplice principal em 26 casos de privação ilegal de liberdade no caso Burgos, por ter fornecido as vans para transportar os sequestrados e por 36 sequestros seguidos de assassinato e desaparecimento durante a "Noite do Apagão".
Em março de 2015, a Quarta Câmara do Tribunal Federal decidiu contra ele e foi somente em julho de 2021 que o Supremo Tribunal de Justiça anulou a decisão do tribunal de segunda instância.
A Secretaria de Direitos Humanos considerou "indispensável que se faça um progresso urgente no julgamento contra Alberto Lemos, administrador da usina de açúcar durante o período do terrorismo de Estado" e processado nos mesmos casos que Blaquier.