O empréstimo concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) à Argentina em 2018 excedeu 127 vezes a capacidade de endividamento que o país teria com o órgão financeiro. Esta foi uma das conclusões do relatório da Auditoria Geral da Nação (AGN), divulgado na noite desta quarta-feira (17), que aponta uma série de irregularidades no processo de empréstimo acordado com o governo do ex-presidente argentino Mauricio Macri.
Responsável pelo controle da legalidade e gestão da atividade estatal, a AGN focou a investigação nos procedimentos que garantissem a gestão eficiente e efetiva da dívida. O colégio ressaltou a importância deste estudo por tratar-se de "um empréstimo extraordinário e excepcionalmente alto", tendo sido o mais alto da história da Argentina e do próprio FMI.
O valor outorgado foi de 57 bilhões de dólares, dos quais foram desembolsados "apenas" 44.867 bilhões, quase 45 bilhões de dólares.
Foram avaliadas as normas e práticas internacionais; a eficiência, transparência e efetividade; o endividamento responsável; e a solvência e sustentabilidade da dívida.
Com relação ao destino do valor executado pelo governo Macri, o relatório avalia que 70% do dinheiro foi utilizado para o cancelamento de dívidas e 30% foi destinado à formação de ativos externos, fenômeno mais conhecido como fuga de capitais – ou seja, a retirada de divisas do país.